EP01 – O COMEÇO

Oi pessoal!

Conviver com pessoas idosas, geralmente faz você ter que escutar várias e várias vezes a mesma história. Histórias de família, quem casou com quem, quantos filhos determinados casais tiveram, onde todos moravam e como alguns parentes morreram.

Histórias de juventude, de amizade, de amor…

Por anos e anos eu escutava meu falecido avô contando histórias da família dele, sem conseguir “visualizar” o que ele estava falando. Eram muitos nomes, cidades e situações diferentes, fora que as histórias dele eram sempre contadas em alemão (o que tornava mais confuso ainda).

Meu avô, que amava contar essas histórias, faleceu em 2017 e com ele foram todas essas informações preciosas. Queria tanto ter gravado nossas conversas… principalmente para poder escutar, sempre que desse saudade.

Meu sobrenome, Both (herdado do meu avô materno), não aparenta ser de nenhum país. Na minha vida, perdi as contas de quantas vezes ouvi isso – tanto no Brasil como no período que morei na Alemanha.

Lembro da época da escola, onde meus colegas falavam da origem dos seus sobrenomes e eu sempre pensava que o meu tivesse um erro de grafia. Meu avô dizia que achava que a família dele tinha vindo da Alemanha, mas não fazia muito sentido que o sobrenome não parecesse nada com os que tem naquele país.

Foi pensando nesse tipo de situação, que eu comecei a me interessar mais sobre minha genealogia.

Mas onde começar, quando a pessoa que poderia ajudar não vive mais?

Por mais que a internet seja cheia de informações, é sempre interessante saber onde começar a procurar… e foi indo atrás disso que a busca começou. Não sabia qual era a fonte confiável, então comecei a sondar quais familiares nutriam esse mesmo interesse que o meu na história da nossa família. Umas pessoas tinham informações concretas, outras só atrasaram mais ainda minha pesquisa.

Na minha busca, descobri que o filho de um irmão de minha avó conseguiu a cidadania luxemburguesa, então eu fui da surpresa para o choque na velocidade da luz. Nunca que eu havia colocado Luxemburgo como uma hipótese.

Depois que consegui digerir essa informação, entrei em grupos de brasileiros com cidadania luxemburguesa no Facebook e fiz uma postagem buscando dicas ou informações sobre como prosseguir. Comecei a interagir com pessoas de lá e nesse processo conheci duas pessoas que foram chaves para eu ter descoberto muita coisa.

Uma dessas pessoas me indicou um site muito bacana (e gratuito), que eu vou deixar aqui para quem tiver interesse também: o Family Search.

Lá eu criei um usuário e comecei a mexer pelos menus, para tentar entender melhor como a plataforma funciona. Eu iniciei a minha pesquisa com o nome do meu avô, para ver se já tinha algo sobre a família Both – mas não achei nada além do nome da mãe e do pai dele. Pesquisei então pelo nome da minha avó e vi que ela já estava registrada como pessoa falecida (sendo que ela está viva).

Já comecei a pensar que esse site era ruim e de mau gosto, mas aí me explicaram que a única forma de uma pessoa ficar visível para toda plataforma, ela precisa estar declarada morta. Foi graças a esse tipo de informação errada que eu achei toda a genealogia por parte dela.

Depois de ter passado a raiva, eu achei esse site genial…

Além de ele ter várias possibilidades de pesquisa, ele também é um site colaborativo. Se alguém da sua família já iniciou uma pesquisa de genealogia por lá, é muito provável que você já tenha informações de algum antepassado para acessar. Conforme você tiver informações para cadastrar, pode colocar lá… talvez seja exatamente o que alguém está procurando para fechar uma lacuna de sua própria vida.

Um fato bem interessante: várias igrejas tem acesso ao sistema, podendo colocar os livros de registro de nascimento, casamento e óbito lá, de forma digitalizada. Quando você dá zoom, o arquivo não perde a qualidade. Fora isso, o site tem uma tecnologia que identifica nomes nos registros e tenta vincular com a respectiva pessoa cadastrada, então “sem querer” você pode descobrir onde algum familiar nasceu ou morreu e facilitar muito sua busca.

Se meu avô ainda estivesse vivo e lúcido, ele provavelmente adoraria ouvir todas as histórias que agora eu tenho para contar. Seria eu quem estaria contando quem casou com quem, contaria que algum parente teve mais do que 12 filhos (o que foi o caso do meu avô) e riríamos nos nomes estranhos de alguns familiares.

Essa busca tem me ajudado bastante com o luto e principalmente a entender que eu sou uma mistura de muitos que vieram antes de mim. Talvez eu sozinha não faça sentido, mas conhecendo um pouco mais da minha história, muita coisa acaba fazendo.

Essa foi apenas a primeira parte de uma sequência bem legal que está vindo por aí. Me contem nos comentários o que vocês acharam!

Já fizeram uma pesquisa parecida?

Abraços!

Escrito por

Bruna Both

Blogueira oldschool. Fui por anos autora do blog Divergências Vitais que se transformou agora em Fala, Catarina. Aqui falo sobre reflexões, assuntos bacanas e design, que está sendo uma das minhas grandes paixões.