Não sei se vocês lembram, mas na blogosfera teve uma época cheia daquelas TAGs de indicação com nomes apelativos e desafios controversos, que rodavam de blog em blog e as respostas muitas vezes eram surpreendentes.
Lembrei de uma em específico, uma de falar 15 fatos (polêmicos) sobre si. Teve várias amigas blogueiras que postaram e era quase como um frenesi. Alguém postava e chovia visualizações, pois essa era uma forma de conhecer a pessoa que escrevia do outro lado da tela.
Eu fiz um post desses, mas de polêmico sobre mim não tinha nada. Na verdade, quase todos os posts tinham coisas vergonhosas e uma certa dose de piada com seus próprios gostos e atitudes, mas dificilmente tinha um fato polêmico mesmo.
Hoje em dia, muito se fala em cancelamento. Qualquer polêmica que alguém se envolva, o cancelamento e o linchamento virtual vem… não importa se você é famoso, famosa ou gente comum.
Enquanto eu reli e excluí meu post, vi que o que eu achava polêmico sobre mim eram resquícios de violências psicológicas que eu havia passado em vários momentos da minha vida. Resquícios de falta de amigos na infância, ter tido amizades duvidosas na adolescência, não ter tido acesso a mais cultura na pré-adolescência. Não era polêmico, mas era triste.
O famoso rir da própria desgraça.
Tentei fazer humor com sentimentos de abandono paterno, gordofobia, rejeição, problemas de confiar nas pessoas, ter medo de relacionamentos amorosos… Por um lado era bom poder me abrir um pouco, mas ao mesmo tempo ainda vinham comentários que só me faziam validar alguns sentimentos.
O que nos fazia ter coragem de se expor e se auto humilhar desse jeito?
Valia mesmo a pena se ridicularizar para fazer leitores do blog rirem um pouco junto? A diversão valia aquela sensação de vazio que dava ao pensar em todos esses tópicos pesados?
E agora? Como estamos seguindo? Temos espaço para sermos vulneráveis nos nossos momentos de solidão, incerteza e insegurança? Aqui continua sendo um espaço seguro para compartilhar emoções e sentimentos?
Trouxe essa reflexão, pois para mim é um desses momentos que tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo e eu de certa forma precisava validar se aqui ainda é um espaço receptivo. Se nós evoluímos como blogueiras e humanas e agora temos espaço para esses assuntos, como se fossemos melhores amigas que se reencontram para falar do que dói, aperta e incomoda no coração.
Abraços fortes de quem, depois de anos, pode finalmente parar de rir de si mesma, pois agora sabe como acender um isqueiro (antes esse era um dos meus fatos “polêmicos”) 🤡
Particularmente, prefiro não me expor hoje em dia. A internet, infelizmente, tornou-se uma grande arena – e temos muito a perder. Além disto, sempre há aquela questão da informação retirada do contexto, da print de somente uma parte tendenciosa de um longo texto bacana ou algo do tipo, então eu acho que nos dias atuais não é inteligente abordar fatos polêmicos (política e religião, por exemplo). É triste, mas é o que é. Sobre rir de si mesmo, aahh, eu acho algo válido – tenho muitas histórias engraçadas de quando eu era beeem gordo, penso até em registrar em alguns posts futuramente, rsrs.
Bem legal essa autoreflexão que você fez. Com o tempo, amadurecemos e vemos muitas situações na vida de outra forma e ângulo.
Adorei o seu blog e estarei por aqui agora. Esteja à vontade para visitar o meu espaço também.
Boa semana!
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Até mais, Emerson Garcia
Oi Emerson!
Que bom que amadurecemos e evoluímos, né?
Seja bem-vindo aqui!
Abraço
Sabe que nunca participei dessas tags polêmicas! Eu gostava das tags na blogosfera, algumas ainda faço quando acho interessante para o conteúdo que levo para minhas redes sociais, mas confesso que já li muitas dessas tags que nos ridicularizam na blogosfera.
Acredito hoje, que por estarmos mais velhas, experientes e termos mais senso daquilo que falamos em nossos blogs, pensamos bem antes de publicar qualquer coisa.
Eu, particularmente, acho bem válida sua reflexão.
Mas o auge de se tornar blogueira, em meados dos anos 2000 nos trouxe boas experiências. Eu mesma tinha um blog a qual escrevia poemas góticos, trazia nas entrelinhas temas pesados, a qual hoje vejo que nada mais eram do que frustrações: com meu corpo, orientação sexual, abandono paterno, depressão, suicídio, e etc…
Mas gosto de pensar que ao crescermos e começarmos a nos conhecer vemos que tudo muda. Não tenho mais os poemas guardados daquela época para ler, mas enxergo o quanto mudei dos meus 16 anos até aqui. O quanto amadureci o conteúdo que venho trazendo e o quanto isso tem me gerado frutos positivos.
Karolini Barbara
Oi Karolini! Sério que você nunca participou? Eu não tinha maturidade na época pra falar não pra essa auto-humilhação hahahaha
Concordo contigo de que ter tido blog uns anos atrás nos trouxe boas experiências. Acho que chegamos nessa maturidade de hoje graças a esse exercício de externar tanta coisa, isso faz tão bem a longo prazo….
Que venham ainda mais frutos positivos 🙏
Abraço
achei interessante a reflexão porque as vezes me pego pensando um pouco sobre isso. acho que naquela época ainda havia essa tranquilidade em compartilhar sem muito receio de julgamento. depois na era dos cancelamentos muita gente (inclusive eu) parou de compartilhar muita coisa com esse receio, de ser linchado gratuitamente. twitter é uma rede que desaprendi a usar porque tudo que eu ameaçava escrever parecia inapropriado demais para compartilhar. já o blog eu acho que ainda é, principalmente agora que sobraram poucas pessoas, um lugar mais seguro. parece que aqui temos mais espaço pra compartilhar besteiras, dores e inseguranças sem receio do cancelamento. é meio que, ninguém quase mais lê isso mesmo HAHA no mais, pega um pouco disso que você falou também, da gente parar de rir de si, compreender o motivos das nossas “polêmicas”e dar espaço para outras questões também. enfim, já me alonguei demais aqui HAHAHA <3
Ba…. o Twitter seria o lugar que seria um prato cheio para quem quisesse me cancelar…. eu fui uma dessas que mantive todos os tweets desde 2010 e eu “overshared” de balde lá. Gosto daquela rede justamente por poder falar besteira e saber que muita gente está lá para fazer o mesmo.
Muito pertinente esse teu comentário… gosto de crer que aqui é seguro por ser mais seleto. Que a gente possa continuar se apoiando, rindo e chorando juntas de nossos dilemas – sem medo de repressão.
Adoro comentários longos ❤ Pode sempre deixar um assim hahahaha
Abraços