Enquanto mocinha, via vários casos de mulheres que comentavam de como era difícil lidar com a tireoide alterada e nunca conseguia entender em como o corpo poderia mudar tanto por causa de uma glândula em formato de borboleta que está presente no pescoço. Foi vivendo na Alemanha, ingerindo pouco iodo e dificultando o funcionamento dela que eu comecei a ver quão ruim isso pode ser.

Em 2016, estive passando por um período bem difícil onde meu psicológico não estava na sua melhor forma. Estava triste, me fechava com facilidade, tinha muito sono, pouca motivação, as unhas foram enfraquecendo, ganhei 9kg em questão de semanas, fui perdendo muito cabelo… e meu ciclo menstrual acabou alterando. Por preocupação, fui ao ginecologista ver se poderia estar com algo desregulado nesse sentido.

No consultório, expliquei o que sentia e o quanto isso estava me afetando. Sua primeira hipótese foi a tireoide, por isso o médico logo pediu para eu fazer um exame de sangue. Uns dias depois recebi a ligação da secretária dele me dando o resultado: apareceu que eu tinha o famigerado hipotireoidismo (quando a tireoide produz menos hormônios do que deveria).

A falta desse hormônio produzido acarreta em vários problemas no metabolismo, incluindo crescimento, aumento de peso, sonolência,… vários sintomas que eu notei que já estava sentindo. Tudo me fez sentido naquele momento…

Fiz uma sequência de motivos que meu médico citou juntamente com a explicação “técnica” de fontes brasileiras. Vamos lá:

Hipotireoidismo pode ser um causador de depressão

Os hormônios tireoidianos agem nos sistemas noradrenérgico e serotoninérgico que são importantes para o humor, assim como em várias áreas do cérebro, sendo importante para memória, raciocínio, libido, sono-vigília entre outros. Portanto pacientes com hipotireoidismo devem ser avaliados quanto à alteração de humor e pacientes com depressão devem ter a função tireoidiana avaliada. (Fonte: Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia)

Alterações na glândula podem levar a anemia, coronariopatia, disfunções respiratórias, dislipidemia, glaucoma, hipertensão arterial e insuficiência cardíaca. Assim como os problemas acima, alterações podem desencadear desordens gastrointestinais, neurológicas, endócrinas, metabólicas e renais. (Fonte: Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia)

Agora a parte que mais me preocupou: Quando a glândula não produz a quantidade certa no hormônio, isso causa uma mudança/retardo na ovulação, comprometendo a união entre óvulo e espermatozoide na fecundação. Isso significa que mulheres com hipo ou hipertireoidismo podem ter dificuldade de engravidar. Tirando isso, mesmo que a mulher consiga engravidar (ou o homem com a doença consiga engravidar a mulher), se a doença não está controlada, o bebê pode nascer com problemas cognitivos e até redução de QI, surdez e deficiência no crescimento – isso se a mamãe não abortar antes. (Fonte: Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia)

Para uma gravidez tranquila é essencial que a glândula funcione direito, especialmente nas 12 primeiras semanas, período em que alguns hormônios da futura mãe diminuem e outros passam a ser fabricados, a placenta começa a se formar e o bebê desenvolve seus principais órgãos.

Tá, agora você deve estar pensando: por qual motivo eu realmente devo me preocupar quando estiver com 20 ou mais???

Geralmente com essa idade mulheres estão vivendo um turbilhão: tem faculdade, curso, família, amigos, trabalho… e geralmente não tiram tempo para exames de rotina. Quando aparece um cansaço fora do normal, a culpa é sempre da vida agitada, da rotina que é pesada demais, da falta de tempo para dormir… mas dificilmente pensam que a tireoide pode ser a causadora de muitos problemas como esses.

Por isso é sempre bom ter esse fator na consciência: se preocupar consigo e investigar caso apareça um sintoma persistente. Vendo pelo meu exemplo: eu sou maluca por ser mãe, sempre quis ter filhos…. imaginem se eu não tivesse ido atrás de um médico quando comecei com as suspeitas?? Talvez tivesse num quadro de infertilidade quando chegasse o momento de pensar em engravidar.

Espero que vocês tenham entendido a mensagem de cuidado e respeito com o corpo que eu quis passar. O blog mostra minhas divergências pessoais, então acho que é super interessante que eu passe meus acertos também, não só meus erros e reflexões 😀

Deixei os links das fontes concretas que eu usei, então se vocês tiverem interesse, leiam com calma. Quis deixar essa dica, pois mulheres fortes se preocupam com a saúde e bem estar de outras mulheres também.

Juntas somos mais fortes!

Abraços,
Bru.

Escrito por

Bruna Both

Blogueira oldschool. Fui por anos autora do blog Divergências Vitais que se transformou agora em Fala, Catarina. Aqui falo sobre reflexões, assuntos bacanas e design, que está sendo uma das minhas grandes paixões.