Ganhador de muitos prêmios e medalhas, Oscar Wilde foi um mestre da escrita. Com seus poemas, dramas, contos, cartas, peças de teatro e romances, sua fama se espalhou pelo mundo e fez muitas mentes fervilharem.

Fez a minha fervilhar também.

Morando no Brasil e estudando durante anos e mais anos português e literatura brasileira/portuguesa na escola, chegavam vários momentos que eu prestava (realmente) atenção no jeito que outras pessoas cometiam gafes ortográficas.

Eram coisas pequenas como “COM MIGO”, “SEJE”, “MORTANDELA”, mas mesmo assim eu não entendia como isso acontecia com tanta frequência. Quando era flerte e a pessoa falava ou escrevia assim, muitas vezes eu perdia a vontade de continuar a conversa.

Foi saindo da minha terra natal e indo morar em outro continente: aí que minha cabeça entrou em colapso.

Estudar uma nova língua é como se perder na sua própria mente. Você tem que ligar uma palavra com a outra, de forma com que tudo faça sentindo. Você olha para objetos, aponta o dedo para eles e tenta lembrar como se pronuncia isso. Você perde oportunidades por não saber o que responder. Você as vezes gagueja até para responder o seu nome.

Eu olhava para mim e via que o “errar” tinha mais que um sentido. Uma coisa é/era errar por estar aprendendo, outra é/era errar por não saber melhor e a última é/era errar por não sentir vontade de aprender e achar que está bom assim.

O que mais ouvi de brasileiros por aqui foi esse último exemplo: “ah, mas eu nem vou ficar muito tempo aqui… não sei o motivo de ter que me esforçar“, “tu me incomoda, mas na real todos me entendem“, “coisa mais chata ter que aprender o idioma quando se já sabe o básico para a sobrevivência“…. e por aí que seguiam as desculpas.

Notei que a questão da pronúncia as vezes é tão difícil que nem alemães conseguem fazer o som direito. Se nem eles conseguem, por qual motivo eu? Quando aprendemos com a pessoa errada ainda, aí mesmo que não tem como aprender certo.

Enquanto que eu falava com umas pessoas, logo ficava tentando imaginar a quantidade de besteira que eu falava – sem saber – e o quanto que as mesmas tinham que ser fortes para não rir alto toda vez que eu dizia algo de forma incorreta.

Agora que minha preocupação mudou e o nível de alemão melhorou, eu só olho para trás e penso no quanto eu teria perdido (experiências, amigos, …) caso eu não tivesse começado a aprender o idioma. Foi aprendendo alemão que eu senti vontade de aprender espanhol e francês. Aprender um outro idioma me abriu portas que eu nem achei que eu seria capaz de abrir.

“A vida é muito curta para aprender alemão” – Oscar Wilde

Me desculpe Oscar Wilde, mas a vida não é muito curta para aprender alemão (ou qualquer outro idioma), as pessoas é que se deixam limitar e desistem por acomodação.

A vida pode ser curta para ser feliz somente no final de semana, para tomar cafés ruins e morrer de saudade, mas a vida é longa o suficiente para não hesitar em aprender um idioma que se gostaria de falar.

Escrito por

Bruna Both

Blogueira oldschool. Fui por anos autora do blog Divergências Vitais que se transformou agora em Fala, Catarina. Aqui falo sobre reflexões, assuntos bacanas e design, que está sendo uma das minhas grandes paixões.