Qual é mesmo a regra da vida? Nascemos, crescemos e morremos, não é?

Tem vezes que algumas etapas são deixadas de fora, outras chegam antes do tempo, cada caso sendo diferente do outro. É interessante a forma com que isso acontece, a troca de fases, o complemento, o conhecimento e a vivência que isso implica.

Trabalhando onde eu trabalho, cada dia pode ser mais um dia, quanto também pode ser o último de muitos moradores. Num lugar desses todos já sabem que a próxima etapa é a morte, nem todos ficam tristes quanto a isso. Todos tem amor a vida, tanto que a briga contra as dores e as dificuldades é diária. Eles gostam de se sentirem importantes, quando são donos de tantas memórias e histórias de vida.

É interessante ver como tudo muda entre a fase das crianças dessa nossa geração e as crianças que esses idosos foram há anos atrás. As crianças de agora querem mais é toda a vida boa, tudo logo, melhores marcas e mordomias. Eles ficavam felizes quando ganhavam algum presente, isso era algo raro… Queriam mesmo era brincar, inventar o que fazer quando tinham momentos ociosos, serem crianças. O quanto que eu vejo de crianças fingindo ser adolescentes em fases erradas chega a ser assustador.

“Papi, não quero comer esse iogurte, ele não é da marca que eu gosto!”

“Mami, não quero esse carrinho usado, quero um novo… compra outro!”

Isso são o que crianças falam para seus pais… eu sei pois até tive a chance de escutar isso na época que eu era Au-Pair. Lembro que a modinha era a Biene Maya, abelhinha do desenho animado que passava na televisão. As crianças só queriam coisas dela, tanto que reclamavam quando não recebiam o que queriam. Onde já se viu essa ser a preocupação de crianças? Quando eu era criança e recebia qualquer coisa para comer que fosse anormal no meu dia-a-dia eu já ficava toda alegre… nunca que eu pensaria na marca ou na fama que envolve o produto.

Tudo do bom e do melhor não te deixa mais feliz.

Se você acha que fazendo viagens para todos os cantos irá ser feliz, chegará um ponto que nenhum destino será bom o suficiente na sua rota. Pessoas ambiciosas por feitos e check-ins perdem a noção de felicidade pois passam a ver o pequeno como insignificante e simples, quando os pequenos feitos são os que tem mais emoção.

Muitos tem tudo, porém nada… nenhum valor. A cabeça é cheia de informações, porém nenhuma realmente é vital.

Queria dizer que esse texto é extremamente pessoal, como cada um tem uma própria visão do que é ser feliz. Muitos veem felicidade em coisas, em valores materiais, em feitos, não tem como definir o que realmente é. Os velhinhos com os quais eu trabalho se sentem felizes cada vez que recebem uma palavra sincera… e o que é uma palavra diante de tudo o que podemos oferecer durante um dia inteiro? Palavras e gestos carinhosos já são o suficiente para eles.

Então, por fim, valorize quem você tem por perto.

Chegará um momento que talvez você nem tenha mais como ver o quanto essas pessoas que convivem com você são realmente importantes. Se você tem alguém com tempo e vontade de cuidar e viver com você, agradeça!

Não podemos ter tudo, mas podemos agradecer tudo o que ganhamos.

Escrito por

Bruna Both

Blogueira oldschool. Fui por anos autora do blog Divergências Vitais que se transformou agora em Fala, Catarina. Aqui falo sobre reflexões, assuntos bacanas e design, que está sendo uma das minhas grandes paixões.