Julho, vem com calma… seja gentil. Seja gentil comigo, seja gentil com as pessoas. Seja gentil com qualquer coisa que esteja sofrendo com toda essa pressa.

Digo que seja calmo, pois para nós tudo já está caótico, em movimento. É a saúde que corre perigo, é a mãe natureza que se sente desolada, é o mundo que pede socorro.

O grito que ecoa agora é o de medo. Medo da morte, medo de como poderá ser a vida depois de tudo isso. Um medo que só pode ser batido com certezas, e aliviado com a calma. Calma de que tudo mudará para melhor, para quem deseja a mudança favorável.

Julho, vem com calma… seja ameno. Seja brando, pois as temperaturas já estão descendo. O sol já vem aparecendo com menos força aqui no sul, tudo está se desacelerando. O ritmo não é o mesmo, as flores estão sumindo e dando lugar aos tons terrosos dos pinhões. A água que corre é gelada demais para molhar os pés. Os passeios começam a ser sujos, o chão já virou barro. De longe cantam os pássaros, num tom de sufoco. O canto é um canto que toca o coração.

Julho, vem com calma… traga sossego. Nosso coração dói de ver a realidade. Dói com nossas perdas, de não ter como dar adeus, de não poder rever quem tanto queremos. Dói pela falta de abraços, das rodas de chimarrão em um dia alegre.

Julho, vem com calma… você é bem recebido.

(Fotos tiradas no quintal de minha casa)

Escrito por

Bruna Both

Blogueira oldschool. Fui por anos autora do blog Divergências Vitais que se transformou agora em Fala, Catarina. Aqui falo sobre reflexões, assuntos bacanas e design, que está sendo uma das minhas grandes paixões.