Era uma manhã fria.

Ela havia acordado e com uma reação automática teve que olhar no relógio. “Como assim já são 10:00 da manhã? Meu despertador tinha que tocar as 09:00!”. Aquele foi o susto matinal que deixou ela com horror do dia que estava por vir. Claro, também houve outra reação: tossir, pegar o lenço, pegar o spray, lembrar que está doente e pensar “por qual razão, motivo ou circunstância eu preciso levantar em um dia que nem hoje?”.

No fim das contas, o relógio estava atrasado, o despertador tocou na hora correta e o sol estava raiando majestoso lá fora. Era só ela que havia imaginado algo e acreditado ser.

Com todos os motivos para se alegrar em ter um dia lindo desse jeito, ela só conseguia se enterrar mais e mais no seu lado negativo. Estava frio, ela estava doente, a cama continuava sendo o melhor lugar do mundo e ela estava sozinha.

Com milhares e milhares de pessoas no mundo, ela só conseguia se sentir só. Sozinha de corpo, sozinha de mente. O fato do sol estar raiando não surtava nenhum efeito nela. Ao invés de levantar, o que ela mais queria era se deitar de novo e deixar o tempo passar… que o tempo levasse tudo de ruim embora.

Sabemos que isso não funciona tão fácil…

O sol continuava lindo lá fora. O vento balançava os galhos que sobraram depois daquele outono que passou voando, e dentro de casa ela podia ver as sombras de todos esses movimentos.

Na cabeça dela, as listas de coisas que ela poderia fazer já se reproduziam como aquele arroz que você pensa que não vai render para sua família, mas todos comem e ainda sobra. Ao invés de sair e curtir o sol, ela ficava fazendo coisas e mais coisas insignificantes por pura falta de foco. As prioridades nunca estavam claras em sua mente.

Quando o sol estava se pondo, eis que ela sai de casa totalmente agasalhada pelas ruas: casaco grosso, duas calças, bota, luva, touca e cachecol.

Boba, o sol agora nem aquece mais.
Mas que moça mais desfocada, não tem mais ninguém nas ruas para conversar… nem crianças, nem senhores de mãos dadas com suas esposas, nem o gato, nem o cachorro.

Agora você vê, bobinha, o que a sua falta de foco faz?
Tola, é dessa forma que você acha que vai dar tudo certo no seu dia?

Todas as reflexões se misturam, mas lá está ela… caminhando coberta de luva, cachecol e casaco. Caminhando e pensando novamente nas tais listas que ela não vai conseguir cumprir.

Procrastinadora? Sim! Mais ainda revisando as listas.
Talvez em outro dia (ou outra estação), ela aprenda.

Escrito por

Bruna Both

Blogueira oldschool. Fui por anos autora do blog Divergências Vitais que se transformou agora em Fala, Catarina. Aqui falo sobre reflexões, assuntos bacanas e design, que está sendo uma das minhas grandes paixões.